terça-feira, 15 de setembro de 2015

A democracia, as revoluções e a cultura

Numa de suas últimas obras - 'O mundo assombrado pelos demônios' - o astrônomo Norte Americano Cark Sagan insistiu bastante sobre a incompatibilidade entre o fundamentalismo religioso e nossas instituições democráticas.

Alias pouco me importa se nossas instituições são ou não são plenamente democráticas. Até prefiro falar num espírito de liberdade cuja meta não se satisfaz em implementar ou aprofundar as formas democráticas dentro dum formalismo político, mas num espírito de liberdade cuja meta é produzir uma cultura democrática.

Berdiaeff alegava, e com plena razão que as formas sociais e políticas não podem ser sustentadas policial ou militarmente se lhes falta um substrato cultural. Daí o sentido da liberdade e a cultura da liberdade. Liberdade é algo que deve ser interiorizado. Democracia é sentido que deve partir das pessoas, dos cidadãos e das sociedades e não forma política externa que pode ser sustentada por meio de bombas, armas ou munições.

Estamos inseridos numa democracia formal, a qual mesmo sendo tacanha, mesquinha ou tímida não podemos deixar de encarar positivamente ou seja como um valor. Agora para além desta forma o que devemos criar ou produzir é uma consciência democrática. O que deverá ser feito no âmbito da educação. Precisamos educar para a democracia ou educar democraticamente.

Neste sentido o lar, a escola, a igreja, o clube, o sindicato, etc devem ser encarados como viveiros de democracia. É por meio das instituições educativas ou educacionais que introjetaremos o sentido ou consciência da democracia nas gerações futuras. A partir daí poderemos muito bem questionar os limites da própria democracia, ampliando-os e aprofundando-os democraticamente... Não é abolindo a forma limitada que temos e estabelecendo 'ditaduras' de direita ou de esquerda que chegaremos a democracia pura, real, direta ou popular. Mas refletindo sobre a democracia que temos.

Enfim democracia não é algo que se dá ou que se impõem, mas sempre algo que se conquista.

Neste sentido os caminhos de cada povo ou sociedade devem ser respeitados.

É verdade que diante de determinadas situações limite, em que avolumam-se as violações de direito, os crimes, as opressões; somos tentados a 'redimir' determinado povo ou Sociedade, sem atinar que a verdadeira redenção deve partir daquela Sociedade.

Quero dizer com isto que as intifadas liberais promovidas pelos EUA ou a ONU noutras unidades culturais são tão contraproducentes quanto o restauracionismo acenado pelos nobres franceses ou russos; emigrados após as revoluções francesa e russa de 89 e 17 ou quanto os golpes implementados pelos comunistas e anarquistas em diversos países. Uma vez que as formas políticas não passam de manifestações da dinâmica sócio cultural somos levados a concluir que sua evolução ou passagem embora possa ser atrasada - como reconheceram Polanyi e Hobsbawm - não pode ser adiantada ou antecipada (com sucesso). Nem pode ser o passado reproduzido ou restaurado nos mínimos detalhes como supõem os reacionários de todos os tempos.

Revolucionários e reacionários encontram-se igualmente equivocados. Os primeiros porque pretendem adiantar a História recorrendo a elementos de natureza externa ou material, quais sejam armas e munições. Os segundos porque acreditam poder faze-la recuar empregando os mesmos recursos. Cuidam uns e outros que a polícia, o exército, as hostes ou hordas serão capazes de alterar o ritmo da História e que seus decretos prevalecerão face a dinâmica social e por isso nada edificam de duradouro. E seus golpes, lutas, guerras, combates, revoluções, etc revertem infalivelmente ao cabo de umas poucas gerações.

Reverteram as revoluções Francesa, Russa, Mexicana, Chinesa... como fracassaram todos os restauracionismos monárquicos.

Por isso, se esperamos preservar nossas Sociedades face a grande crise que se apresenta, devemos aprender a caminhar junto com o processo histórico, conhecendo bem seus limites. Implica mergulhar de cabeça no mundo das relações culturais reais e ideais, buscando conhece-las como são para, por meio da educação, isto é, pela afirmação de outros princípios e valores, determinar como haverão de ser.

É importante compreender tal dinâmica não só para resistir a tentação yankee de criar uma ordem democrática a partir de elementos puramente externos e de tramar golpes democráticos fadados ao insucesso, mas também para imunizarmos face a elementos culturais provenientes de sociedades e culturas não democráticas ou anti democráticas.

Temos de conhecer e muito bem a natureza dos elementos culturais anti democráticos para resistir-lhes marcadamente e impedir a aniquilação total das formas democráticas as quais, como já dissemos, é necessário aprofundar e ampliar não destruir. É da democracia que temos, isto é da democracia formal, burguesa ou representativa - brecha aberta pelos burgueses na muralha do absolutismo - que chegaremos a restauração da verdadeira democracia; direta, segundo o modelo dos antigos gregos. A brecha na muralha foi aberta pelos liberais há trezentos anos, o que temos de fazer agora é aumenta-la até destruir a muralha por completo e não tapar esta brecha restabelecendo modelos definitivamente ultrapassados.

Daí a importância de Sagan e pensadores que como ele apontaram com precisão para os fundamentos, fontes ou raízes desta cultura democrática identificando-os com o laicismo ou seja com a liberdade religiosa e com a separação das duas esferas.

Agora, desta definição decorre uma conclusão lógica: entre quaisquer fundamentalismos religiosos e a civilização democrática a incompatibilidade é absoluta. Não pode o fundamentalismo manter-se vivo eternamente numa civilização democrática em que liberdades e direitos sejam politica e legalmente assegurados nem pode a civilização democrática subsistir face as exigências da teocracia.

Aqui a oposição é total e o conflito irredutível.

Aqui a autoridade - ao menos no que tange as coisas comuns - é a totalidade ou maioria dos cidadãos. Ali um livro acatado apenas por parte da população. Devendo a parte não crente ou descrente, curvar-se... conformando-se com um estatuto de inferioridade e sendo contida pela força.

Ali temos uma sociedade que tende a igualdade. Aqui uma Sociedade desigual em que uma parte exerce dominação sobre a outra.

Nem a igualdade, nem a liberdade, nem a fraternidade predominam socialmente quando determinada fé, amancebando-se com o poder político afirma-se como social e legalmente superior a todas as outras. Quando tal acontece topamos com a desigualdade, a coerção e o sectarismo.

Trata-se no entanto de um modelo em ascensão.

Cuidam alguns que basta apontar o Capitalismo como responsável por semelhante estado de coisas. Não basta nem resolve nada. O Capitalismo - e não o Renascimento como supunha Berdiaeff - é que conduziu a humanidade a semelhante estado de coisas. É fato... produzindo miséria, ignorância e angústia este sistema cruel e desumano lançou as massas nos braços do fanatismo religioso. Não nos enganemos, sociologicamente o fanatismo religioso alimenta-se de angústia, ignorância, miséria... parte dos homens oprimidos pelo economicismo liberal deu ouvidos aos pastores, magos, ulemás. Oprimidas pela materialidade de um mundo iniquo e sem esperanças reais de salvação as massas alienadas tem acolhido com alegria a redenção oferecida pelo Corão, pela Sunah, pelos Hadiths, pela Torá, pelo Corpus Paulinum, etc

É a única salvação que lhes é dada face ou mundo sem ética do capital.

E no entanto esta salvação é essencialmente anti democrática na medida em que esteriliza a democracia em suas próprias fontes. Introduzindo na cultura elementos de natureza anti democrática oriundos de sociedades primitivas e impermeáveis a este padrão de pensamento.

Todavia a injustiça não pode deixar de produzir desespero. O excesso de trabalho não pode deixar de produzir alienação ou ignorância. Como o desespero associado a ignorância não pode deixar de conduzir o homem ao misticismo, a superstição e a religiosidade mórbida. Enfim ao beco sem saída da democracia.

Para sobreviver e florescer as instituições democráticas teem exigências radicais. Assim a justiça e o equilíbrio social, assim uma instrução básica, assim uma educação científica, assim a afirmação de princípios e valores compatíveis com ela. Democracias não florescem sobre o ar ou o vácuo! Supõem um povo consciente de sua tarefa, de sua missão, de sua dignidade e não uma massa amorfa conduzida por Ulemás ou pastores em nome de livros escritos para lá de mil anos... Democracia supõem a existência de um sujeito crítico reflexivo.

Mas o capitalismo com seu ritmo de produção é incapaz de produzir tais sujeitos em larga escala.

Entre o economicismo liberal e este tipo de homem há um abismo intransponível.

Desta podridão humana, desta infecção social, desta enfermidade moral produzida pelo capitalismo alimentam-se os fanatismos todos do tempo presente. Os do Ocidente, que ressurgem e os do Oriente, que consolidam-se. E ficam as sociedades democráticas ou politicamente liberais cercadas ou melhor espremidas como um pedaço de alguma coisa entre os dois cabos de uma tenaz.

E vemos que esta tenaz vai fechando-se dia após dia na medida em que ambos os fanatismos, do Oriente e do Ocidente vão se expandindo. E oprimindo, sufocando, ameaçando a existência e sobrevivência duma civilização democrática que sequer afirmou-se ou atingiu sua plenitude. E vão os sonhos dourados da policracia (libertarismo ou 'anarquia) e do socialismo morrendo em seu próprio berço... e substituídos pelo pesadelo da teocracia.

No Ocidente temos o Belt Bible e seus janízaros criacionistas em plenos Estados Unidos com sua cruzada anti científica e puritana inspirada nos moldes do antigo testamento, da torá e da judaização - do cristianismo - promovida pelo calvinismo e pelo pentecostalismo. São dezenas de milhões de fanáticos para os quais a 'Bíblia' - com o Corpus paulinum e o antigo testamento - é inerrante e infalível de capa a capa. São dúzias de milhões de sectários que encaram a KVG como uma fonte capaz de decidir qualquer questão... da física e da química a alta teologia, passando pela Botânica, zoologia, biologia, história, geografia, sociologia, etc Tudo esta ali prontinho, a espera de quem ouse berrar: "Esta escrito!" e dar o assunto por encerrado.

Afinal de contas quem seria capaz de discutir com 'deus' ou de questionar a palavra de 'deus'. Criticismo neste terreno é sinônimo de sacrilégio ou melhor dizendo, de blasfêmia.

Felizmente nos EUA a influência de tais pessoas é poderosamente contrabalançada pela influência dos 'incrédulos' do Norte bem como pela influência dos cristãos teológicos pertencentes as diversas vertentes do catolicismo (Ortodoxo, Anglicano, romano), do espiritismo e pelo aumento da diversidade religiosa em geral. Ficando bastante diluída e controlada.

A bem da verdade o montante de fanáticos estado unidenses diminuí um pouquinho ano após ano pelo simples fato de que seus membros fazem parte de uma macro sociedade democrática, em que as ideias circulam. Queremos dizer que nos EUA os fanáticos não tem como controlar o fluxo de literatura crítica destinada a combater suas crenças... que livros, revistas, jornais e informações acabam atingindo ao menos uma parcela dessas pessoas e retirando-as da 'caverna'.

Aqui a cruz do fundamentalismo: ou toma posse da estrutura política, estabelecendo uma espécie de controle ou inquisição ou entre em lenta agonia e vem a morrer. Os fundamentalismos todos sabem disto e por isso procuram amancebar-se com o Estado obtendo proteção política e privilégios. Sempre que podem os apóstolos do sectarismo restringem a liberdade de pensamento e expressão porque lhes é francamente desvantajosa.

Caso a 'hipótese' fundamentalista possa ser apreciada livremente em comparação com a hipótese científica ou naturalista, o feitiço fica quebrado.

Lamentavelmente, aqui no Brasil estamos assistindo um movimento na direção oposta. O fundamentalismo cresce decididamente.

Talvez não mais como nos anos 90, porém contínua a crescer e a aspirar pelo predomínio em termos sociais ou quantitativos.

Eis o saldo de décadas de opressão, miséria, angústia, a que foram relegadas as massas humanas. A ponto de precipitarem-se nos abismos tenebrosos do sectarismo, do fanatismo, da superstição e do fundamentalismo mais abjeto.

E já esta fé importada do Norte, da grande república puritana, vai produzindo ou engendrando cultura. Fazendo emergir no contesto social brasileiro um novo tipo de homem, em oposição ao homem 'jovial' produzido sob influxo do papismo... Temos agora um novo tipo de homem já não tão jovial. O tipo de homem que teremos no futuro é ainda uma incógnita! O culturalismo no entanto aponta-nos decididamente para o modelo antropológico Yankee, calcado no puritanismo farisaico. Uma perspectiva nada agradável, mas, a reprodução de um determinado tipo humano ou de determinada estrutura social tem quase sempre por base a ideologia religiosa.

Considere agora, amigo leitor, que este novo tipo de homem em construção aspira conscientemente pela posse do poder político inaugurando em nosso pais um novo tipo de relação a que podemos chamar 'coronelismo bíblico' ou coronelismo sagrado. Consiste tal coronelismo num primeiro momento em utilizar-se do discurso religioso - mormente de ameaças (maldições, inferno, etc) - para obter votos. A contrapartida sinistra desse novo curral eleitoreiro é utilizar-se da estrutura política para obter privilégios religiosos, bem como propor ou decretar leis inspiradas em fontes religiosas!

Até que chegamos a um círculo essencialmente viciosos e funesto: candidatos e políticos que utilizam-se do sagrado como fonte de sufrágios e eleitores fanáticos que constituem tais representantes para que defendam os interesses de suas seitas ou agremiações religiosas, e não os interesses do bem comum! Formam-se assim representantes de 'igrejas' ou confissões religiosas, os quais agregam-se em bancadas religiosas ou confessionais como a auto intitulada 'bancada evangélica'.

É o que acontecido em todas as repúblicas ou democracias islâmicas. As quais, em sua quase que totalidade converteram-se ou estão em vias de converterem-se em novas teocracias.

Assim no Brasil...

Pois constituído em grupo inserido no Parlamento, não tardam os representantes sagrados a apresentar projetos fundamentados em seus livros buscando impor ao resto da Sociedade seu modo de viver. E se não lhe são atalhados os passos por um poder superior, como o STF, principiam a propor, sancionar e decretas leis destinadas a regulamentar a alimentação, o vestuário, os gostos musicais, as preferências sexuais de todos os cidadãos até padroniza-los, despersonaliza-los e converte-los num rebanho. Até que por via religiosa atingimos o ideal do fascismo: a extinção de toda pluralidade e a afirmação de um único padrão cultural autorizado pelas leis.

São as religiões do livro ou fundamentalistas que tornam factível ou praticável, a médio prazo, as aspirações do fascismo!

Tal o ideal dos pentecostais, de parte dos calvinistas e dos muçulmanos em sua totalidade. Arabizar ou israelitizar a Sociedade como um todo. Primeiramente as sociedades nacionais, em seguida a sociedade humana, eliminando uma diversidade encarada como pagã e essencialmente má, diabólica, satânica ou demoníaca. Nem pode a mente fundamentalista embasada na 'palavra de deus' seja ela qual for, deixar de encarar toda e qualquer dissidência como herética, pecaminosa ou má! A unificação dos costumes é necessária porque deus é um, sua vontade é una e seu livro um... e pelo qual todos os homens devem governar-se cultivando os mesmíssimos gostos e inaugurando o império da uniformidade.

Pluralidade aqui é heresia!

Pentecostalismo e islamismo encaram perfeitamente este ideal sinistro numa medida maior do que quaisquer outros credos.

Por isso seus adeptos empenham um esforço titânico em tomar posse das democracias e destruí-las de dentro para fora. Enquanto nós socialistas temos tanta dificuldade em aprofunda-las ou amplia-las. E começam criando bancadas bíblicas ou corânicas, tendo em vista defender os interesses particulares de suas confissões e fazer da política uma chicana.

Diante disto cidadão algum pode deixar de inquietar-se ao testemunhar o furor com que tais homens apresentam projetos e mais projetos destinados a solapar o fundamento pétreo de nossa República e Constituição que é o laicismo! Fundamento sem o qual não há democracia possível!

Ora é um que busca inserir a Bíblia em todas as Bibliotecas deste pais! Ora é outro desmiolado como o Daciollo que pretende transferir o poder do povo para deus! Ora é um que procura criminalizar o ensino da evolução biológica em nossas escolas! Ora é outro que pretende vedar aos homossexuais acesso ao matrimônio civil! E já se viu mais de um desses ulemás tupiniquins dirigir palavras preconceituosas e amargas a mulheres, negros, crianças e membros de outras confissões religiosas!

Patente retrocesso em comparação com 1891! Retrocesso de cem anos! Por que se era para manter alguma ordem religiosa em termos políticos, a papista era certamente mais suave do que estas novas fés que pretendem intrometer-se até mesmo em nosso cardápio proibindo-nos sob pena capital comer chouriço, galinha a cabidela, torresmo ou beber vinho! Ao menos o papismo não impõem essas burcas a nossas mulheres e filhas! Ao menos o papismo não nos obriga a deixar a barba crescer ou a fazer certo corte de cabelo!

Os idiotas reclamam em demasia porque o papado impunha crer numa Trindade que é invisível... e curvam-se diante desses sistemas religiosas essencialmente totalitários que pretendem decidir a respeito de cada aspecto exterior da vida humana eliminando todas as nossas liberdades e direitos! Verdade seja dita: o papismo, anglicanismo, espiritismo, etc teem projetos de ética apenas, em termos de princípios e valores! Islamismo e pentecostalismo são sistemas totais e unificados que teem projetos bem definidos em termos de gosto, nada deixando para o homem...

Diante de todo este discurso Bíblico que invade nossos parlamentos como não sentir-se em Bagdad, Cairo ou Damasco???

O que nos é oferecido por essa nova política religiosa em ascensão é um passaporte direto, não para a desfigurada e odiada Idade Média; mas para o Israel do décimo século a C ou para a península arábica do sétimo século desta Era. Tal o ideal acalentado por esses fanáticos de Ocidente e Oriente! E eles não toleram vozes discordantes... pelo simples fato de que não há em seus livros, seja a Tanak ou o Corão, qualquer vestígio ou sombra o ideal democrático embasado na liberdade pessoal.

Verdade seja dita, o islã jamais foi capaz de assimilar ou de compreender ideal tão refinado! Jamais incorporou os valores presentes na Sociedade greco romana, a qual condenou e amaldiçoou em sua totalidade como pagã! O Catolicismo, tantas vezes acusado de 'apostasia' e paganização, este sim incorporou parte dos valores presentes no paganismo antigo, bem como no Evangelho. A reforma no entanto, voltando-se mais uma vez para a Tanak, reeditou, ao fim de seu percurso, o único tipo de política Bíblica ou mosaísta: a teocracia.

Pentecostais e muçulmanos estão de pleno acordo em reconhecer que o poder procede de deus e não do povo ou da Sociedade. E em caracterizar a sociedade laica ou secularizada como ateia. Podem adoçar, atenuar ou esconder o discurso, mas de fato pensam ou melhor creem assim mesmo.

A diferença aqui é que os calvinistas e pentecostais não dispõem de meios para eliminar as dissidências religiosas ou as contradições internas do livre exame (a eterna cruz do protestantismo). Parte das pessoas ou da Sociedade observa tais contradições e recusa-se a crer... assim, diante das inúmeras variações protestantes ou da febre sectarista, sucumbem as pretensões ao poder político. Primeiro o protestantismo tirou a igreja romana do poder e por algum tempo substitui-a cometendo crimes e perpetrando violências ainda mais graves em nome do ideal bíblico... de fato os revolucionários protestantes exterminaram-se uns aos outros tal em qual os revolucionários franceses e russos de 89 e 17 e até já se disse que o exemplo teria partido deles.

O islam porém foi e é mais hábil pelo simples fato de ter sacralizado a estrutura inquisitorial com suas Jihads, Djzias, etc Aqui a falta de vergonha e caráter atingiu seus termos máximos.

Face as exigências do Evangelho mesmo alguns pentecostais, parte dos calvinistas e os papistas em sua quase totalidade foram constrangidos a corrigir-se e a condenar qualquer petição a violência em termos inquisitoriais. Tiveram de ceder a secularização do estado e abrir mão de quaisquer estruturas coercitivas em termos externos ou materiais. O islã foi a única religião da face da terra que não só assumiu o 'terror' - por estar contido no Corão - como ainda hoje revindica o direito de empregar tais estruturas coercitivas em termos externos ou materiais, estruturas a que chamam de Sharia e a qual chamaríamos inquisição.

Então meu amigo, se você condena a igreja romana ou as seitas protestantes por terem se servido de inquisições há uns duzentos ou trezentos anos e sorri para o islã é um autêntico paspalho. Pois o islã jamais renunciou a sua inquisição, jamais reformou-se moralmente.

Fácil é para um não muçulmano imaginar um islã moderninho ou moralmente reformado, sem burkas, Djzias, jihads, etc A totalidade dos muçulmanos no entanto prefere gritar: Maktub! Esta escrito e como esta escrito não podemos criticar, reformar ou atenuar.

E vão pelo mundo afora impondo sem maiores cerimônias a castração de meninas, o estupro conjugal, a correção feminina, as Burkas e shadores, o extermínio de homossexuais, a murtad, a opressão das minorias religiosas, etc

E anarquista há que apoie tudo isto!!!

Patrocinando um sistema religioso apresentando por seus próprios líderes e apologistas como anti democrático e anti socialistas, ou pior ainda, como essencialmente teocrático! Um sistema incompatível com a simples noção de diversidade! Um sistema que opõem-se oficialmente a maior parte dos direitos e garantias atinentes a dignidade humana!

E tal e qual o pentecostalismo cresce na América Latina, cresce o islam do outro lado do Oceano!!!

Ficando os ideais democráticos cada vez mais restritos e sufocados entre estes dois extremismos religiosos tão virulentos.

Diante disto só nos resta lutar para consolidar uma cultura democrática.






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